Março é considerado o mês da mulher. Vamos fazer uma caminhada na história das mulheres que se destacaram no Brasil e no mundo, ao longo do tempo, sendo protagonistas em vários segmentos, apesar da discriminação e da desvalorização do sexo feminino.
Podemos citar algumas exceções como: Joana D’arc, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Madre Tereza de Calcutá, e no Brasil: Dandara dos Palmares, Anita Garibaldi, Princesa Leopoldina, Rachel de Queiroz, Maria da Penha.
Quando olhamos para o retrovisor, como podemos designar a mulher do tempo?
É uma representante do sexo feminino que se destaca na sociedade em um determinado segmento e vai além desse tempo, demonstrando valentia, determinação, firmeza e força de atitude na busca da realização dos seus desejos e sonhos. O tempo não consegue estagnar as suas ações e a sua busca, pois a vida é cheia de imprevistos, movimentos desordenados e precisa ser encarada de frente, enquanto permanecer nessa caminhada e depois inscrevendo seu registro na história do seu país.
Eu, Leopoldina Colares, me enquadro nesse tipo de mulher, pois cearense de origem, de um Nordeste discriminado e desvalorizado, em que as mulheres eram criadas apenas para casar e ter filhos e não estudar e trabalhar, superei esses estigmas e ocupei espaços nunca imaginados.
Com o manto de valores e posições firmes na vida, tive a inspiração e mentoria de minha mãe que me conduziu e guiou nas bases da construção de um caminho sólido e seguro em busca da realização dos meus desejos mais simples, como uma festa de 15 anos, o 1º emprego e a recusa diante de posições não adequadas. Com ela aprendia a tocar a vida de forma independente, sob a luz da honestidade e de respeito às pessoas.
Aos 85 anos, olho para trás e revejo com orgulho que consegui impressionar nas várias posições profissionais que exerci, pelo espírito de iniciativa e liderança, herdados da minha mãe, e pela sinceridade de fala e posicionamento.
Tenho tido uma vida plena de emoções. Sorrio, choro, caio, me levanto e até deixo às vezes que me vejam sorrir chorando. Muitas lutas, e perdas dolorosas como de uma filha aos 11 anos e 3 anos depois do marido aos 47 anos de vida. O sofrimento me fez entender que a vida continua e segui em frente.
Enfim, apareceu uma oportunidade de me desligar da empresa mediante um incentivo em dinheiro sem nada perder. Resolvi me desligar da empresa em 30/05/1993.
A aposentadoria não foi o final da linha para mim. De imediato, me dediquei à prestação de serviços de consultoria junto a grandes empresas de vários pontos do País. Nessa época, também me voltei para a gestão condominial e fui pioneira realizando o 1º encontro de síndicos em Brasília. E ainda me dediquei também à docência como professora titular de cursos na Universidade Católica em Brasília. Viajava muito e ficava pouco tempo em casa gerando reclamação de um dos filhos que dizia que meu status normalmente era no avião e, de vez em quando, eu vinha em casa para lembrar à família que ainda morava lá. Foi quando alguns colegas de Brasília sugeriram me levar para a Presidência da
Associação dos Empregados Aposentados da CAIXA no DF. Falei que não iria concorrer e nunca tinha passado pela minha cabeça dirigir esse tipo de Associação.
O certo é que fui convencida e participei de um processo eleitoral muito difícil, mas vitorioso.
Considerei aquela oportunidade como uma missão que Deus me confiou para ajudar aquelas pessoas, aposentadas e com idade avançada, por meio de uma gestão humanizada e sendo o acolhimento o ponto forte aqueles que ali se dirigiam.
Estou concluindo o 2º mandato à frente da associação e na próxima gestão ficarei no Conselho Deliberativo.
Este ano foi de grande importância na minha vida. Consegui editar o livro de minha autoria “O impossível é possível”, que contém uma mensagem de amor à vida e de superação diante das adversidades da vida.
Comemorei, simultaneamente, meus 85 anos de vida e pretendo continuar atuante e conclamando as mulheres a se envolverem nas atividades referentes aos seus perfis, talentos e sonhos, sendo protagonistas de suas histórias com determinação, firmeza e força de atitude.
A Mulher pode ser a mulher do tempo.
Leopoldina Colares é escritora, palestrante e presidente da Associação dos Aposentados da Caixa no Distrito Federal.
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