Ceilândia recebe hoje o Baile Sarau-Vá com 10 horas de poesia, música e resistência cultural

Ceilândia será palco, neste sábado (22), de uma verdadeira maratona de arte, música e resistência cultural. A partir das 16h, o Baile Sarau-Vá ocupa o Porks Ceilândia e o Beco do Porco com uma programação intensa e totalmente gratuita que segue até as 2h da manhã. Serão 10 horas de festa em dois ambientes distintos, reunindo 10 DJs, 12 poetas, dois shows e microfone aberto, em mais uma edição potente do tradicional Sarau Voz e Alma.

A proposta é resgatar o direito ao lazer na periferia, transformando os espaços públicos em lugares de encontro e cultura. Na Pista Porks, o público irá se conectar com as raízes jamaicanas dos Sound Systems, enquanto no Beco do Porco o clima será de baile de rua, com muito funk e rap. A curadoria artística combina diversidade e representatividade, refletindo a potência das manifestações culturais da quebrada.

“Montar um sistema de som no meio da rua e trazer o público para ocupar é dar vida ao espaço, é mais do que uma festa: é inspirar outras pessoas a entenderem que temos direito à rua, ao lazer, à cidade”, afirma Guilherme Azevedo, idealizador do Sarau-Vá e da Plataforma de Cultura Periférica. Ele destaca ainda que, diferentemente do Plano Piloto, onde os eventos terminam cedo e a mobilidade é limitada, a periferia encontra nas ruas um caminho legítimo para celebrar a cultura.

A voz da periferia ecoa

O Baile Sarau-Vá faz parte da Plataforma de Cultura Periférica, projeto que conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e tem como objetivo fortalecer iniciativas culturais já consolidadas em regiões como Ceilândia, Samambaia e São Sebastião. “A ideia da Plataforma é fornecer uma força estruturante que potencialize eventos emblemáticos das periferias do DF”, explica Guilherme.

O rapper Rafinha Bravoz, do grupo VeiOeste, que também é um dos fundadores do Sarau Voz e Alma, enxerga o evento como uma verdadeira libertação coletiva: “O Sarau-Vá foi um transbordo do íntimo daqueles que eram silenciados. Ele nos ensinou que nossa maior potência é ser quem somos e ocupar nossos espaços”.

A programação é extensa e inclui, por exemplo, um B2B (back-to-back) entre DJ Kliff e a artista Cristyle, que também se apresenta como poeta. “Nosso set será uma celebração da resistência e da cultura negra, conectando ritmos que carregam nossa ancestralidade africana. A ideia é construir uma fusão sonora que represente a energia das ruas em diáspora”, diz Cristyle.

A noite ainda contará com performances poéticas de nomes como Luiza Mil Fitas, Negro Vatto, Nathália Falcão, Cristyle e Poeta do Século Errado, além dos shows do grupo VeiOeste e Chiquin com o Batidão Sonoro. O microfone aberto segue como uma marca registrada do evento, incentivando a participação espontânea do público.

Para garantir a entrada, é necessário retirar gratuitamente o ingresso no Sympla, pois o espaço está sujeito à lotação. O público pode acompanhar mais informações pelo Instagram @sarauvozealma e @plataformaperiferica.

O Baile Sarau-Vá é mais do que uma celebração: é um ato político, artístico e social. É o direito de existir e resistir por meio da arte. E você é nosso convidado. Prepare-se para viver a potência da periferia em sua forma mais vibrante. Nos vemos na rua. Nos vemos no Sarau-Vá.