A Quaresma e o Ano de Jubileu são momentos litúrgicos especiais para a Igreja Católica Apostólica Romana, que nos convidam a refletir sobre a fé, o perdão e a renovação espiritual. Embora cada um tenha seu próprio propósito, quando combinados, esses períodos proporcionam uma oportunidade única para os cristãos se reconciliarem com Deus, enquanto buscam uma transformação interior mais profunda. Além disso, assim como nos recorda o Sumo pontífice, Papa Francisco, “o Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos”.
A Quaresma, que antecede a Páscoa, é um período de 40 dias dedicados à penitência, oração e jejum. Esses 40 dias lembram os dias que Jesus passou no deserto, enfrentando tentações e se preparando para sua missão. Para os cristãos, é um momento de introspecção, um convite à reflexão sobre o caminho de fé e à busca por uma conversão pessoal.
A Igreja ensina que, durante a Quaresma, é importante focar na oração, no jejum e nas boas ações, ajudando os necessitados e refletindo sobre como podemos viver de maneira mais fiel aos ensinamentos de Cristo. O objetivo não é apenas o sacrifício pessoal, mas um processo de purificação que prepare os fiéis para celebrar a Páscoa com um coração mais disposto e renovado. A Igreja do Brasil, por meio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) nos apresenta a Campanha da Fraternidade 2025 com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, como itinerário reflexivo e com propostas efetivas de mudanças interiores e ações concretas na vivência em sociedade.
A inspiração do tema deste ano é o “Cântico das Criaturas”, de São Francisco de Assis, que aborda a profundidade que o ser humano tem, a partir do contato e experiência com o Criador, em viver harmonicamente com todos os seres vivos e seus respectivos ambientes. Cuidar da Casa Comum, como consta na encíclica Laudato do Papa Francisco, demonstra que “tudo está conectado” e que nossa responsabilidade enquanto católicos, vai além das ações com o foco individualista.
O Ano de Jubileu é um período especial, normalmente celebrado a cada 25 anos, mas pode ser convocado a qualquer momento pelo Papa. Este é um tempo de graça, perdão e reconciliação, no qual a Igreja oferece aos fiéis a oportunidade de experimentar a misericórdia de Deus de forma especial. Durante o Jubileu, os cristãos são convidados a viver de maneira mais intensa a prática do perdão e da reconciliação, tanto com Deus quanto com os outros.
Um dos principais aspectos do Jubileu é a indulgência plenária, que é uma remissão dos pecados, que pode ser recebida quando os fiéis se arrependem sinceramente e cumprem determinadas condições, como a confissão e a oração. Essa prática nos lembra que, independentemente de nossos erros, a misericórdia de Deus está sempre à disposição daqueles que buscam com sinceridade a reconciliação.
Quando o Sumo Pontífice, em nosso tempo, o Papa Francisco, promulga o ano jubilar, consta como graça aos fiéis que observaram os critérios para o recebimento, a indulgência plenária. Os critérios a serem observados para o recebimento da indulgência plenária são, segundo o Papa Paulo VI: confissão de todos os pecados, receber a comunhão eucarística, oração pelas intenções do Papa, rejeitar o apego aos pecados e ter a intenção de receber a indulgência. Vale ressaltar que, a indulgência plenária só pode ser recebida uma única vez no dia, com destinação individual ou por alguma alma do purgatório.
Portanto, a Quaresma e o Ano de Jubileu são, juntos, um convite à conversão e ao perdão. São tempos em que a Igreja nos desafia a renovar nossa fé, praticar a misericórdia, termos ações de caridade genuínas com os pobres e a buscar uma vida mais alinhada com os ensinamentos de Jesus. Ao aproveitar essa combinação de momentos litúrgicos, os cristãos são chamados a refletir sobre a importância da reconciliação, tanto com Deus quanto com o próximo, e a viver de maneira mais fiel e generosa. Esperançar a misericórdia não deve ser algo em estado de inércia, mas em movimento, com ações diárias e por várias vezes no dia, nos levando, enquanto cristãos, a identificação com Jesus. Esperançar juntos, em comunidade, levando o outro ao encontro com o Deus, também a partir de nós mesmos, onde Cristo se encontra e emite seu perfume. Que, ao vivermos a Quaresma e o Ano de Jubileu, possamos juntos, nos aproximar mais de Deus, como “Peregrinos da Esperança”, transformando nossas vidas e ajudando a construir um mundo mais justo e solidário, fundamentado na misericórdia e no amor.
Por: Rodrigo Farina - coordenador de Pastoral no Colégio Marista de Brasília
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