A Lei Paulo Gustavo, reconhecida como o maior investimento já realizado na cultura brasileira, tem desempenhado papel essencial na valorização da memória e da identidade do Distrito Federal, especialmente nas comemorações dos 65 anos de Brasília, celebrados no dia 21 de abril. No DF, mais de R$ 48,1 milhões foram destinados ao financiamento de projetos culturais em diversas áreas, como audiovisual, literatura, patrimônio, teatro e música, sob gestão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec).
Entre os projetos contemplados está o curta-metragem “As Filhas do Brasil”, inspirado em fatos reais. A produção foca no papel das mulheres trabalhadoras da antiga Vila Amaury na construção da capital e nos candangos, que, apesar de terem erguido Brasília, foram transferidos para as cidades satélites. A proposta do filme é refletir sobre a invisibilidade desses personagens na narrativa oficial e dar voz às histórias esquecidas.
Marianna Graf, idealizadora do projeto, afirmou que o apoio da Lei Paulo Gustavo foi fundamental para viabilizar a produção. “Sem ele, o projeto não existiria. Como alguém sem conexões no mercado audiovisual de Brasília, essa oportunidade foi decisiva para transformar minhas ideias em realidade”, disse. A estreia do curta está prevista para julho, com exibições gratuitas no Instituto Federal de Brasília (IFB) do Recanto das Emas e no projeto Jovem de Expressão, em Ceilândia.
Outro projeto fomentado pela legislação é o “Álbum de recordação BSB: memórias e valores do DF”, que propõe uma pesquisa sobre o patrimônio material e imaterial do território. A iniciativa revisa a literatura existente sobre bens históricos, artísticos e arquitetônicos da região e busca registrar memórias e objetos simbólicos anteriores à fundação de Brasília como capital.
Segundo o proponente Leyberson Lelli Chaves Pedrosa, a proposta não se limita à Brasília construída em 1960, mas busca resgatar também a história de comunidades e populações que já viviam na região. “A Lei Paulo Gustavo foi essencial para fazermos essa temporada especial sobre o patrimônio material e imaterial do DF”, explica.
Parte dos resultados dessa pesquisa será discutida no podcast “Dazumana: a Ciência sem Jaleco”, disponível no YouTube. A proposta é ampliar o debate sobre os registros históricos e suas implicações culturais, aproximando a ciência das realidades populares do DF.
A literatura também está entre as áreas contempladas. A escritora Keyane Dias recebeu apoio para desenvolver um livro de crônicas que reúne vivências identitárias e memórias da geração brasiliense descendente de migrantes nordestinos. Essa é a terceira obra da autora, baseada em textos e estudos anteriores sobre o tema.
Esses projetos refletem o objetivo da Lei Paulo Gustavo de democratizar o acesso à cultura, promover a diversidade artística e dar visibilidade a grupos historicamente marginalizados. Além disso, contribuem diretamente para o fortalecimento do setor cultural do DF e a valorização da memória coletiva da capital.
A lei foi criada para fomentar a cultura em resposta aos desafios trazidos pela pandemia, priorizando iniciativas que promovem inclusão, reconhecimento de trajetórias invisibilizadas e a difusão do conhecimento. Os projetos apoiados mostram como a cultura pode ser um vetor de reflexão e pertencimento social.
Informações adicionais sobre os editais da LPG no Distrito Federal estão disponíveis no site www.leipaulogustavodf.com.br e no perfil @leipaulogustavodf no Instagram. Interessados podem entrar em contato pelo telefone (62) 99612-6143 ou pelo e-mail [email protected].
Mín. 15° Máx. 24°