A Síndrome da Boca Ardente (SBA) é uma condição que afeta entre 0,7% e 7,9% da população mundial, com prevalência maior entre mulheres na faixa etária de 40 a 60 anos, especialmente após a menopausa. Caracterizada por uma sensação persistente de queimação na língua, gengivas, palato ou lábios, a SBA pode surgir sem motivo aparente, tornando seu diagnóstico um desafio para profissionais de saúde.
De acordo com a dentista e coordenadora do curso de odontologia da Faculdade Aria, Maria Letícia Bucchianeri, os principais sintomas da síndrome incluem ardência, alterações no paladar e sensação de boca seca. "Os principais sintomas relatados pelos pacientes com síndrome da ardência bucal incluem sensação de queimação na língua, nas gengivas, no palato ou nos lábios. Esses sintomas surgem repentinamente, sem que seja possível correlacioná-los com algum evento. Além da sensação de ardência e queimação, a síndrome pode causar alterações no paladar e até dificultar a digestão, já que a boca se torna mais seca, com menos produção de saliva", explica a especialista.
A SBA não possui uma causa única, sendo considerada multifatorial. "Embora a causa exata da síndrome da ardência bucal não seja completamente esclarecida, acredita-se que fatores hormonais, psicológicos e neurológicos possam estar envolvidos, além da condição de saúde bucal", detalha Bucchianeri. Deficiências nutricionais, anemias e doenças como diabetes também estão entre os fatores que podem agravar o quadro, reforçando a necessidade de uma avaliação médica abrangente para um diagnóstico preciso.
A dentista também destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento da SBA. "A avaliação médica deve englobar todos esses fatores, hormonais e neurológicos que podem estar envolvidos na etiologia da SDA. Deficiências nutricionais, anemias e diabetes podem desempenhar um papel importante na SBA, e por isso também devem ser investigados. Uma avaliação psicológica também deve ser considerada, uma vez que quadros de estresse e ansiedade podem estar envolvidos", orienta Bucchianeri. Para os dentistas, a atenção deve estar voltada para condições específicas da cavidade oral, como uso de medicamentos que reduzem a produção de saliva ou a presença de próteses mal ajustadas, que podem causar desconforto e inflamações na mucosa bucal.
Entre os fatores locais que podem desencadear ou agravar os sintomas da SBA estão infecções, lesões e alergias, além de hábitos como o uso inadequado de próteses dentárias e o bruxismo. "O cirurgião-dentista, além de examinar as condições de saúde dentária e gengival, verificará a presença de condições capazes de alterar a mucosa bucal, como infecções, lesões ou alergias, inclusive a materiais usados em próteses dentárias", explica a especialista.
No que se refere ao manejo dos sintomas, as estratégias podem variar de acordo com a causa identificada. Tratamentos incluem desde ajustes em próteses dentárias até o uso de gomas de mascar e substitutos salivares para pacientes que apresentam redução na produção de saliva. Em casos mais complexos, pode ser necessário o uso de lasers de baixa potência para promover a regeneração da mucosa bucal.
Além do tratamento odontológico, o acompanhamento com outros profissionais de saúde, como médicos, nutricionistas e psicólogos, é essencial para garantir o alívio do desconforto e a manutenção da saúde bucal. "O diagnóstico precoce e um tratamento adequado são fundamentais para garantir o alívio do desconforto e a manutenção da saúde bucal", enfatiza Bucchianeri.
Para minimizar os riscos da síndrome, a especialista recomenda a manutenção de uma boa higiene bucal, evitando o uso de substâncias irritantes como tabaco e álcool. Ela também reforça a importância de visitas regulares ao dentista para diagnósticos precoces. "Manter uma boa higiene oral e evitar o uso de substâncias irritantes, como tabaco e álcool, pode ajudar a controlar os sintomas da síndrome da ardência bucal", orienta.
A dentista ainda destaca a importância do autoexame da cavidade oral como parte da rotina de cuidados preventivos. "Quando falamos em manter uma boa condição de higiene oral, consideramos, além das visitas regulares ao dentista, que o paciente escove os dentes regularmente, ao menos 3 vezes ao dia e após cada refeição, utilize diariamente fio dental, promova a escovação da língua e, periodicamente, faça um autoexame na cavidade bucal, verificando com atenção se há presença de lesões, inchaços, alteração de cor das mucosas e, caso identifique qualquer sinal fora do padrão de normalidade, busque acompanhamento profissional", conclui Bucchianeri.
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