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Brasília Cidadania

Murais levam cor e acolhimento a crianças no HUB

Transformação das paredes da UCA do Hospital Universitário de Brasília em galerias de arte promove acolhimento e bem-estar a pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde.

13/05/2025 às 11h00
Por: Tércia Diniz
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(paullavieirac/Reprodução/UCS)
(paullavieirac/Reprodução/UCS)

 

O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) transformou as paredes da Unidade da Criança e do Adolescente (UCA) em verdadeiras galerias de arte, promovendo bem-estar a pacientes, acompanhantes e funcionários. O projeto, que envolveu 14 artistas voluntários, buscou humanizar o ambiente hospitalar e proporcionar conforto em momentos delicados.

Moisés Crivelaro, mestre em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), liderou a iniciativa que resultou em 12 murais distribuídos pelo térreo, primeiro e segundo andares, além de três quartos de isolamento. Segundo ele, o processo exigiu um equilíbrio cuidadoso entre as demandas técnicas do hospital e a liberdade criativa dos artistas. “Creio que o maior desafio ao fazer o planejamento e mediação da pintura dos murais no projeto de humanização da UCA tenha sido equilibrar as demandas das áreas técnicas do hospital (equipe de enfermagem, psicologia e gerência) com os ímpetos criativos das artistas e dos artistas que participaram desse trabalho. Digo isso pois, a todo tempo, como equipe criativa respeitamos muito as orientações dos profissionais e das profissionais de saúde sobre a ocupação dos espaços com imagens pintadas, visto que é um ambiente hospitalar de características específicas e não poderíamos representar qualquer tema de maneira desavisada”, explicou. “Ainda assim, mesmo com todas essas premissas, a equipe técnica do hospital nos deu liberdade criativa e pudemos desenvolver um trabalho adequado ao tema ‘fauna e flora do cerrado’, que foi escolhido coletivamente, entre as equipes de saúde e as artistas e os artistas participantes.”

Crivelaro destacou que, apesar dos desafios, o projeto foi recompensador. “Equilibrar esses dois universos foi desafiador, pois como mediador e facilitador do projeto, meu objetivo era garantir que ambos os campos tivessem suas necessidades atendidas sem obstáculos ou frustrações. Contudo, tive muita sorte de trabalhar com pessoas excelentes no horizonte hospitalar e escolher artistas extremamente responsáveis e comprometidos com o bem-estar do outro na parte estética. Dessa maneira, reitero que foi desafiador, mas simultaneamente recompensador estar junto de tanta gente especial projetando um trabalho que alcança e alcançará tantas pessoas em situações de fragilidade.”

Para Julia Xlöbs, artista plástica que participou do projeto, a experiência foi marcante tanto no aspecto criativo quanto pessoal. “Primeiro, quero dizer que fico feliz por participar dessa entrevista. Sou artista visual, e pintar sempre foi algo que me dá muito prazer, então o convite do Moisés foi muito bem vindo. O coletivo foi muito importante tanto no desenvolvimento dos desenhos quanto na definição de onde pintar. A gente decidiu unir diferentes visões criativas sobre o cerrado para criar algo que fosse ao mesmo tempo agradável e lúdico, especialmente em um momento de tanta fragilidade como o de uma internação hospitalar, ainda mais em um hospital infantil. Me senti realizada por fazer parte de um coletivo com compromisso e liberdade artística, onde pudemos unir e mesclar ideias para criar um mural tão bonito.”

Eime Bell, outra artista envolvida, também ressaltou a importância do coletivo para a criação dos murais. “Os elementos do meu quarto foram plantas do cerrado, mimosa e capim estrela. Tentei fazer uma ilustração bem lúdica e infantil, mas ao mesmo tempo que não fosse muito simples e instigasse a imaginação narrativa de quem estivesse olhando. Fiz o projeto antes no digital, escolhi as cores junto com o Moisés, meu professor que me deu a oportunidade de poder pintar. Acho que foi um dos murais mais significativos que já fiz e fico feliz de saber que ainda estão lá. Espero que as crianças tenham gostado.”

Para o chefe da UCA, Cid Fragoso, a presença das artes nos corredores e quartos da unidade vai além da decoração, tornando-se um instrumento de acolhimento. “Transformar as paredes da UCA em murais artísticos é uma maneira silenciosa, mas poderosa, de afirmar que cada criança internada importa. Mais do que simples decoração, a arte se torna um gesto de acolhimento. Em um ambiente marcado por incertezas e desafios, os murais oferecem cor, esperança e uma forma sensível de cuidado. Eles ajudam a humanizar o espaço hospitalar, lembrando que o processo de cura também envolve os sentidos e as emoções.”

Além dos benefícios estéticos, a arte nos espaços hospitalares pode influenciar diretamente no bem-estar dos pacientes. Segundo a psicóloga Fabiana Rosa Ribeiro, do HUB, a humanização do ambiente hospitalar está relacionada à melhora de aspectos emocionais. “As pinturas humanizaram o espaço da enfermaria pediátrica, transformando-o em um espaço mais acolhedor e menos intimidador, aproximando-o da realidade cotidiana e menos hospitalocêntrica de crianças e adolescentes internados”, ressaltou. “A arte visual estimula o cérebro, trazendo sensações de prazer, distração saudável e até memória afetiva. Isso evoca em nossas crianças internadas emoções positivas, como esperança e tranquilidade, o que é essencial em momentos de fragilidade emocional.”

O projeto, que levou sete meses para ser concluído, segue como um exemplo de como a arte pode transformar ambientes e proporcionar conforto em momentos delicados. Além de impactar diretamente os pacientes, também oferece um ambiente mais leve para familiares e profissionais de saúde que atuam na UCA diariamente.

 

Abaixo, seguem algumas das pinturas feitas na UCA, acompanhadas de uma curta apresentação dos artistas responsáveis:


1. Ramon Andrade | @ramonphanton
Responsável pelo painel do térreo, na entrada oposta da recepção da UCA, a
arte de Phanton faz alusão ao trabalho digital com cores blocadas e bem-marcadas. “Dentro do grafite, geralmente, definem como vetor. Os traços são uma mescla disso com um pouco da dureza do traço da xilogravura”, afirma o artista. Phanton é de Luziânia - GO, estudante de artes visuais na UNB e tem como principal atuação a elaboração de murais e painéis artísticos em espaços e contextos variados, trabalho com pintura em tela, ilustração digital e customização de objetos.


2. Vinicius Musgo | @musg1                                                               
Com um traço mais realista, formando um personagem, Vinicius Musgo, grafitou no primeiro corredor do térreo da UCA.  “A ideia do trabalho foi representar o joão de barro, ave pertencente ao cerrado, com um estilo mais cartunesco e de forma que ele parecesse um menininho, por isso, ele está de boné e tênis”, detalha Musgo. Natural de Novo Gama/GO além de trabalhar com o grafite, Musgo faz ilustração digital e design. “Acompanho cursos e vídeos online com conteúdo, grande parte do meu aprendizado é através de amigos e intercâmbios no grafite”, diz.


3. Bisa Rafaela | @bisarafaela
Bisa Rafaela ilustrou o segundo corredor do térreo da UCA. “Pensei numa personagem feminina no estilo vetor, e fiz ela negra pela representatividade. A ideia do cerrado de cenário foi para compor com as outras obras no hospital”, conta a artista. Autodidata, a artista de Luziânia – GO, ilustra, grafita e faz crochê nas ruas - prática que leva crochê a elementos públicos provocando as mais variadas emoções. 


4. Ju Borgê e Renato Moll | @juborge @renatomoll
Amigos há 15 anos, os artistas, Ju e Renato hoje escrevem suas histórias de uma forma mais especial e a ligação inclui, também, o trabalho. A experiência de elaborar e executar o painel deixou o casal muito satisfeito.  “Eu nasci na maternidade do HUB, estudei na UnB e existe uma conexão bem legal entre o meu trabalho e o do Renato, isso fez com que houvesse uma integração entre esses dois espaços, entre esses dois universos”, afirma Ju. A intenção era significar essa paisagem do hospital infantil de uma forma positiva, para que as pessoas que passassem sentissem amor, carinho, aconchego. “A partir disso pensei em símbolos que transmitissem diferentes expressões, todas elas dentro desse universo positivo. O uso das cores em comum, entre mim e o Renato, foi fundamental para o painel ser bem-sucedido”, finaliza Ju Borgê.


5. Élli | @last.artt
Laranja e vermelho para conectar e remeter ao Cerrado, a terra; o verde e o amarelo para trazer flores e vida. “O conjunto dessas cores é quente e alegre como uma manhã de clima agradável no Cerrado, uma imagem confortável”, contextualiza Élli, que tem formação em Artes Plásticas pela UnB. Seguindo estética minimalista e geométrica, Élli estiliza desenhos optando sempre por temáticas ambientais, principalmente o Cerrado, bioma onde o Distrito Federal está inserido. “Subtraio e geometrizo as formas, porém sempre deixo elementos familiares”, explica a artista.


6. Bibi | _gabibia_
Com o traço derivado do anime, chamado de chibi, a estudante de artes visuais Gabriela Costa desenhou capivaras e uma paisagem ocupando toda a extensão da parede. “Optei por traços mais lúdicos, simples, que não pesassem tanto nos olhos, por isso não tem sombreamento, e preferi usar linhas pra dar textura e volume, pensando que o local seria um quarto de isolamento para crianças e precisava ter uma atmosfera leve e tranquila”, afirma a artista. “Já fiz muitos desenhos tradicionais bem coloridos, usando aquarela e lápis de cor, mas atualmente, como eu gosto de jogos, eu comecei a desenhar no animal crossing, que é um jogo, que tem o estilo bem parecido com o que eu tenho feito. Fui desenvolvendo meu traço a partir dos personagens desse jogo e vi nesse nicho uma oportunidade de desenvolver minha arte de uma maneira diferente”, completa Gabriela.


7. Thaís de Oliveira | @cisne50
Formada em artes visuais pela UnB, Thaís é professora na educação básica e trabalha com ilustração, grafite e retrato. “Foi uma imensa felicidade poder participar do projeto, deixar o ambiente estéril de um hospital mais acolhedor para as crianças”, disse. A inspiração está na flora característica do Cerrado: o tronco retorcido, as flores típicas trazem um colorido ao ambiente e conectam com a identidade da cidade. “Para trazer um pouco mais de ludicidade, recorri à minha memória afetiva da infância na Ceilândia, aos pequenos prazeres da exploração infantil do mundo ao meu redor - brincava bastante de pipa e com origamis e estava sempre atenta às flores de ipês que caiam no chão, gostava de pisar nelas para ouvir o grande estouro que elas faziam”, acrescentou a artista.


8. Lau e Xlôbs |  | @gaitore e @xlobs
Um dos quartos de acolhimento da UCA foi desenhado coletivamente. Foram três dias e mais a tarde e noite de um final de semana para pintar o painel. “Além da minha parceira Lau, convidei o Fábio e a Thaís, que pintaram o pé de buriti e a cobra coral, respectivamente”, afirma Xlôbs. Ela é graduanda em artes visuais, com especialização em pinturas e trabalha com quadrinhos, zines e desenhos por encomenda, tem o estilo mais cartoon, desenho animado.  “A ideia era criar criaturas baseadas em frutas do Cerrado, transformar essas frutas em bichinhos. Então eu desenhei e desenvolvi pensando em bichinhos fofinhos fundidos nesses frutos”, comenta a artista. 
Formada em ciência sociais e cursando antropologia, Lau é gravurista, com eixo principal no estilo gravuras e ponta-seca em acrílico. Grafite e ilustração digital também fazem parte do seu repertório artístico. “Foi no grafite que pude conhecer muitas pessoas, fazer contatos e, realmente, conhecer o meu estilo de arte. A Xlôbs trouxe a ideia de fazer os animais de frutinhas, o cajuzinho, o jatobá e nós pensamos em preservar as cores deles, mas fazer um fundo mais imaginário - eu queria fazer algo mais simbólico, mais colorido e interativo para as crianças”, comenta Lau. “Foi uma construção coletiva todo o projeto, algumas cores a gente refez, algumas cores a gente pensou em mesclar elas, fazer texturas”, finaliza Lau.


9. Eime | @eimebell
Designer gráfica e estudante de Teoria, Crítica e História da Arte na UnB, Eime cresceu entre lápis de cores, papéis e tintas, passando a integrar, na adolescência, o Altas Habilidades em Artes Visuais na escola Elefante Branco, de Brasília. “Me identifico bastante com a arte urbana, grafite e tenho o costume de, dentro da minha estética, puxar plantas ou flores, sempre desenho essas plantinhas”, diz Eime. No painel da UCA foram feitos dois rascunhos digitais para mapeamento de cores e de pincéis, até definir os materiais.

Para a artista, fazer essa pintura na UCA foi importante pessoal e profissionalmente pelo significado, importância e sensibilidade do lugar. “Eu quis deixar fluir o Cerrado com flores rosas, que são as mimosas, a vegetação mais baixa, as moitinhas... Eu quis que tivesse uma interação direta com o espaço, que o desenho fosse se moldando nas paredes, justamente para dar essa impressão de que lá é um espaço de natureza, não queria que fosse algo blocado e, sim, algo orgânico, que fosse se juntando, digamos assim, de parede a parede”, explicou a artista.
“Incluí, ainda, as estrelinhas, cada uma com um humor, cada uma numa carinha, justamente para instigar a imaginação das crianças, para trazer ludicidade ao desenho, tipo um elemento mais interativo”, acrescenta Eime.


10. Paulla  | @paullavieirac
Estudante de artes visuais na UnB, Paula quis representar a fauna de Brasília imersa em insetos e plantas com libélulas, flores, arranjos.

 

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