O uso do gás natural como alternativa a combustíveis fósseis vem ganhando destaque no cenário energético brasileiro, com potencial para transformar o transporte e a geração de energia elétrica, promovendo sustentabilidade e inovação. No centro dessa mudança, Brasília se prepara para receber um dos projetos mais ambiciosos do país: a Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília), que promete cortar 400 mil toneladas de dióxido de carbono (CO₂) por ano se 30% da frota de veículos da capital federal adotar o Gás Natural Liquefeito (GNL) em substituição à gasolina e ao diesel. Esse movimento faz parte de um esforço maior para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e cumprir metas ambientais globais, nas quais o Brasil desempenha papel fundamental.
O Brasil é hoje um dos principais países comprometidos com a redução das emissões de carbono, tendo assumido metas ambiciosas no Acordo de Paris e em outros fóruns internacionais. Para alcançar esses objetivos, a diversificação da matriz energética é fundamental, com foco em fontes menos poluentes e mais eficientes, como o gás natural. Essa transição é vista como essencial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e garantir um futuro energético mais sustentável.
Além do impacto ambiental, a expansão do uso do gás natural pode trazer benefícios econômicos significativos. O desenvolvimento de infraestrutura para distribuição desse energético cria oportunidades para novas cadeias produtivas e gera empregos diretos e indiretos, fortalecendo economias regionais como a do Centro-Oeste, que historicamente depende de combustíveis mais poluentes.
O uso do gás natural também pode melhorar a qualidade do ar nas cidades, reduzindo a emissão de poluentes que afetam diretamente a saúde pública, como o enxofre e o material particulado. Essa é uma preocupação crescente em grandes centros urbanos, onde a concentração de veículos e indústrias intensifica os impactos ambientais.
Outro ponto importante é a segurança energética. Ao diversificar as fontes de energia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados, o Brasil pode fortalecer sua resiliência econômica e energética, garantindo maior estabilidade em momentos de crise global e flutuações nos preços do petróleo.
A construção da UTE Brasília é vista como um marco para a expansão do uso do gás natural na região Centro-Oeste, historicamente dependente de combustíveis mais poluentes e de uma infraestrutura energética limitada. A usina, desenvolvida pelas empresas Diamante Geração de Energia e Termo Norte Energia, representa um investimento significativo na diversificação da matriz energética nacional.
De acordo com Isaac Mizrahi, diretor da UTE Brasília, o projeto está condicionado à realização do Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Energia (LRCE), ainda sem data definida, e à obtenção da Licença Prévia junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). “A construção da usina depende diretamente desse leilão e da licença ambiental. Caso seja viabilizada, a previsão é que a UTE Brasília inicie suas operações em janeiro de 2031”, explicou Mizrahi.
O investimento total na configuração com 1.470 megawatts (MW) de potência instalada é estimado em R$ 6,5 bilhões. No entanto, se o projeto for ajustado para uma capacidade menor, de 500 MW, conforme o Projeto de Lei 576, o investimento previsto será de aproximadamente R$ 2,2 bilhões. “Estamos trabalhando para garantir a viabilidade econômica do projeto, considerando diferentes cenários de potência, sempre com foco na eficiência energética e na segurança do abastecimento”, destacou Mizrahi.
Além do impacto positivo na redução de emissões, a usina também deve contribuir para a criação de empregos e o desenvolvimento de novas cadeias produtivas na região, fortalecendo a economia local. Segundo Mizrahi, “esse é um passo importante para a diversificação da matriz energética nacional e para a segurança energética do país”.
Um dos principais argumentos para a adoção do gás natural é a melhoria da qualidade do ar nas cidades. Como destaca Mizrahi, “o uso de gás natural também melhora a qualidade do ar nas cidades, pois, ao substituir outros combustíveis nas indústrias, transportes e residências, não libera poluentes que afetam a saúde, como o enxofre e o material particulado”.
O gás natural emite, em média, 22% menos CO₂ por quilômetro rodado em comparação com a gasolina e o diesel. Essa redução é especialmente significativa em centros urbanos como Brasília, onde a concentração de veículos é elevada. Se a mudança para o GNL for adotada em larga escala, a capital pode reduzir suas emissões anuais em até 1,33 milhão de toneladas de CO₂.
Além disso, o gás natural pode ser combinado com o biometano, um combustível renovável produzido a partir de resíduos, criando uma matriz energética mais limpa e resiliente. Essa integração é vista como essencial para a transição energética e a redução da pegada de carbono no setor de transportes.
Embora seja um projeto privado, a UTE Brasília está alinhada às diretrizes do Governo Federal e do Ministério de Minas e Energia, integrando a política nacional de segurança energética, conforme definido na Lei nº 14.182/2021. “Esse é um exemplo claro de como a parceria entre o setor privado e o governo pode acelerar a transição para uma matriz energética mais sustentável”, afirmou Mizrahi.
O financiamento do projeto poderá envolver capital próprio e/ou de terceiros, incluindo bancos públicos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Mizrahi, “o apoio do governo é fundamental para garantir a viabilidade financeira e operacional desse tipo de empreendimento, especialmente em regiões que ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis”.
Além dos benefícios ambientais, o uso do gás natural pode gerar oportunidades econômicas significativas, como a criação de empregos diretos e indiretos e o desenvolvimento de novas cadeias produtivas. “Estamos falando de um impacto econômico positivo que vai muito além da geração de energia. Trata-se de promover o crescimento sustentável e a inclusão social”, concluiu Mizrahi.
Com a expansão da infraestrutura de gás natural para o interior do país, o Brasil pode se consolidar como um dos principais líderes globais na transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável.
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