Brasília vem se destacando com iniciativas que buscam transformar a relação entre cultura e acessibilidade. Dois projetos realizados pela Guia Acessibilidade Inclusiva — Jornada da Acessibilidade e Festival Trilha da Inclusão — têm colocado pessoas com deficiência no centro da criação, formação e participação cultural no Distrito Federal. As ações ocorrem com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do GDF.
O Festival Trilha da Inclusão, previsto para ocorrer entre julho e agosto de 2025, está com inscrições abertas até 9 de junho para seleção de curtas-metragens, espetáculos teatrais, apresentações de dança e exposições visuais. A proposta do evento é valorizar a produção artística de pessoas com deficiência, proporcionando visibilidade e espaço para suas expressões culturais. A programação também inclui a Feira ARTeira, voltada para a comercialização de trabalhos autorais.
Para os organizadores, mais do que um evento pontual, o festival representa um movimento cultural que promove a inclusão como prática constante, e não como exceção. Essa é a segunda edição do Trilha da Inclusão, que vem se consolidando como referência no DF ao ampliar o acesso e a representatividade de artistas PCD na cena cultural.
Já o Jornada da Acessibilidade, em curso entre maio e junho deste ano, oferece capacitações gratuitas para profissionais da cultura, como professores, agentes culturais e gestores. A formação ocorre em três frentes principais: acessibilidade cultural, sistema Braille e audiodescrição de figuras estáticas, com aulas presenciais e online.
Para Anderson Tabuh, professor do curso de audiodescrição, o projeto tem impacto direto no cotidiano cultural. “Estamos transformando a forma como as pessoas com deficiência visual acessam a cultura e a arte. Acredito que os agentes culturais como um todo deveriam apostar e fazer parte dessa transformação”, afirma. Ele destaca que os alunos aprendem a converter imagens em textos acessíveis, ampliando a inclusão em diferentes contextos.
A professora Viviane Queiroz, responsável pelo módulo de Braille, ressalta a aplicabilidade prática dos conteúdos. “Os participantes vão sair preparados para criar convites, cartazes, folhetos e até sinalizações em Braille, o que garante mais autonomia e inclusão às pessoas cegas”, explica.
Com turmas de até 40 alunos, os cursos também emitem certificado, contribuindo para a qualificação profissional e o fortalecimento de uma rede sensível à inclusão no setor cultural.
Segundo Cássia Lemes, diretora da Guia Acessibilidade Inclusiva, os dois projetos caminham lado a lado no fortalecimento da presença de pessoas com deficiência em todos os espaços da cultura. “A presença de pessoas com deficiência como protagonistas em projetos culturais não deve ser exceção. A inclusão precisa acontecer tanto nos bastidores quanto nos palcos, nos ateliês e nas salas de aula”, defende.
Ela também destaca o papel transformador da cultura na construção de uma sociedade mais justa e plural. “Quando projetos como o Jornada da Acessibilidade e o Trilha da Inclusão criam espaço para a formação, visibilidade e valorização dos talentos de pessoas com deficiência, estamos contribuindo para uma sociedade mais justa, diversa e com oportunidades reais no mercado de trabalho e na vida cultural.”
Mais informações sobre os projetos estão disponíveis nos perfis das iniciativas no Instagram: @guiaacessibilidade e @trilha.dainclusao. O edital de chamada pública para o Trilha da Inclusão está disponível neste link.
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